Santa Catarina tem sete séculos de história, tendo sido integrada no concelho das Caldas da Rainha apenas em 1898, o que revela uma integração ainda recente.
Com 19 lugares, muito diferenciados entre si, Stª Catarina é uma freguesia com 2890 eleitores e com um potencial muito relevante para a economia da região – ao nível da industria, nomeadamente de cutelaria e marroquinaria, da agricultura e da pecuária.
De uma forma global, a freguesia apresenta como pontos fortes:
- Estruturas económicas capazes de fixar a população;
- Entidades económicas e/ ou empresariais com identidade e relevo no concelho;
- Presença de estruturas relevantes na sede de freguesia – Correios, farmácia, piscinas, campos desportivos, extensão de saúde, entidade bancária, salão de festas, salão paroquial, entre outras;
- Estruturas escolares;
- Estruturas desportivas e associativas, as quais são mobilizadas e mobilizadoras das gentes locais (quase em todos os lugares da freguesia);
- Boa estrutura de enquadramento para os idosos, com Lar de Idosos, Centro de Dia e Apoio Domiciliário;
Destes pontos fortes, poderemos e queremos destacar a grande capacidade associativa e a grande capacidade de empreender e de fazer obra das suas gentes.
Contudo, Stª Catarina não está imune aos sinais de evolução regional e nacional e aos efeitos do modelo de política autárquica promovido pela autarquia caldense nas últimas décadas.
Estes dois vectores repercutem-se naquilo que nós considerámos os pontos fracos da freguesia:
- Retrocesso relevante na área agrícola, visível na área cultivada e no número de empresários e de empresas agrícolas, com repercussão no modus vivendi da freguesia;
- Descaracterização do “centro urbano” da freguesia com prédios devolutos e em risco de ruir, convivendo com o volume de construção na encosta;
Tardia resposta para a urbanização jovem e a sua compatibilização com o desenvolvimento económico da freguesia;
- Incapacidade na demora na resolução do cruzamento da EN 360, no Casal da Marinha;
- Degradação e deficiente funcionamento, eventualmente por falta de investimento na ETAR da Quinta da Ferraria, com total facilidade de acessibilidade a estranhos e mau funcionamento ou acompanhamento técnico nas suas diferentes funções (basta ver o interior dos seus tanques);
- Ribeira degradada, pois as águas residuais urbanas parcialmente não chega à ETAR, fazendo drenagem directa para a linha de água;
- Difícil acessibilidade viária ao centro de concelho, relevante numa freguesia com “peso económico”;
- Inexistência de uma estratégia que concilie lazer e turismo local com a cidade(por exemplo, a falta de um corredor velocipédico da cidade até à Mata das Mestras, ou a falta de uma ciclo/pedovia no vale de Santa Catarina, que ligue a Granja Nova até à Casal do Rio/Mata das Mestras, ou até ao Carvalhal Benfeito).
A questão que se coloca é se estes pontos fracos com incidência em Stª Catarina não se revelam noutras freguesias? Em nossa opinião, eles demonstram problemas estruturantes no concelho e a falta de uma estratégia de desenvolvimento local de um executivo municipal com muitos anos de (não) poder.
Hoje, cada vez mais, os concelhos e as cidades (núcleos urbanos e rurais) têm de se complementar e diferenciar para unir e, posteriormente, competir com outras cidades e outras regiões.
A melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável para as gerações futuras, a coesão intra – concelhia e a melhoria das condições de integração supra – concelhia ou regional precisam de uma estratégia onde sejam pensados os seguintes aspectos:
Reforço dos valores de identidade local;
- Capacidade de fixação da população e de lhes conferir mobilidade sócio – profissional;
- Criação de bases económicas sustentáveis;
- Valorização da qualidade ambiental e das condições de vida;
Criação / diversificação do emprego
- Utilização potenciadora dos recursos locais (naturais, humanos e institucionais);
- Melhoria do grau de atractividade e de acolhimento da cidade e do concelho;
- Intensificação e qualificação em processos de integração inter – concelhios e regionais;
Tudo isto é possível e não tem de representar o fado do modelo de desenvolvimento do nosso concelho. É possível pensar diferente, executar melhor e ter uma política alternativa para o nosso concelho, integrando nesta visão de futuro as nossas freguesias com as suas próprias características.
António José Ferreira